Todos os domingos eu assisto o Programa Globo Rural. Eu acho esse programa excepcionalmente bom, sempre aprendo e conheço coisas novas, e sempre tenho ideias diferentes graças à diversidade das reportagens. Diversidade é sempre bom!
E hoje não foi exceção. No primeiro programa de 2022, teve tanto uma reportagem sobre a estiagem em Santa Catarina, quanto outra sobre as enchentes na Bahia. Pra quem vive na região Sudeste e tem aproximadamente a minha idade, 51 anos, é comum a gente pensar no Nordeste como mais seco, e no Sul como mais úmido. Inclusive, a Bahia faz parte do polígono das secas. Ou seja, o clima está de cabeça para baixo.
Essas duas reportagens acentuaram uma estranhesa que eu estava sentindo ultimamente, após ter ouvido em algum noticiário que as chuvas da Bahia estavam agora descendo para o Sudeste. As chuvas não descem do Nordeste para o Sudeste, elas sempre vieram do Sul. Sempre foi uma referência saber que aproximadamente dois dias após as chuvas começarem no Sul, elas chegariam em São Paulo, ainda mais em janeiro, pleno verão!
Infelizmente, mudanças nos padrões globais de precipitação estão entre os efeitos do aquecimento global, conforme destacado pelo último relatório do IPCC (The Intergovernmental Panel on Climate Change, orgão das Nações Unidas para tratar das mudanças climáticas).
Seguem alguns dados bem anormais sobre as precipitações em 2021:
- De acordo com https://www.canalrural.com.br/noticias/volume-de-chuva-aumenta-no-sudeste-e-pode-atingir-sul-do-brasil/ em 08/12/2021, somente na região de Itamaraju-BA choveram 322mm em 24 horas contra uma média histórica de 148mm.
- Em https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/inmet/noticias/analise-das-chuvas-na-bahia-minas-gerais-e-espirito-santo-em-dezembro-de-2021 aparece o seguinte dado, entre outros, que chama a atenção: Em Lençóis (BA), o total de chuva entre os dias 01 e 27/12 de 578,0 mm representa 445,4 mm acima da média para todo o mês de dezembro que é de 132,6 mm. Além disso, é o maior acumulado em dezembro desde 1961, superando o recorde anterior de 564,5 mm de dezembro de 1989.
- Já na região Sul, a estiagem já prejudica as plantações, principalmente de soja e milho, com diminuição de produção na área plantada, como pode ser visto em https://www.canalrural.com.br/noticias/agricultura/milho/estiagem-reduz-producao-de-soja-e-milho-na-regiao-sul-aponta-consultoria/.
A foto de chamada desse post é do Maurício Tonetto / Palácio Piratini e foi baixada do link https://fotospublicas.com/26a-conferencia-da-onu-sobre-mudanca-climatica-cop26/